sábado, 20 de janeiro de 2018

Trio Amaranto

Um amaranto nasceu lá em casa. Cresceu, floresceu e, pelo jeito, não murcha. Essa foi a nossa sorte.
O Amaranto brotou no seio de uma família musical em Belo Horizonte.
 Teve apoio, incentivo, quando ainda nem Amaranto era.
Foi pouco a pouco que nós três, irmãs, percebemos o canto como uma possibilidade profissional.

Antes, fomos outras flores. Flor de Cal, uma banda ainda sem a caçula Marina e com muitos conflitos ao estabelecer limites entre o hobbie (cada vez mais sério) de cantar e outras aspirações.
Rosa dos Ventos, já o trio completo e com um senso de direção forte.

O caminho que Rosa dos Ventos traçou, em dois anos, levou-nos ao Amaranto, nome adotado para marcar uma nova fase, que veio com a força de uma realização profissional: Retrato da Vida, primeiro CD do grupo, gravado com apoio da Lei de Incentivo à Cultura.
Foi o nosso batismo.

O trio Amaranto é a síntese de nossas experiências como grupo vocal.
São nossas cantorias infantis que cresceram, fortificadas tanto empiricamente, quanto pelo estudo sistemático da Música.
No repertório, passeamos pelo solo da boa música, seja ela brasileira ou não. Acompanham-nos nossos instrumentos, companheiros pela vida a fora.
Nada mais natural: violão, flauta e gaita, três vozes, vozes irmãs.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Lô Borges

Salomão Borges Filho (Belo Horizonte MG 1952). Compositor, violonista, cantor e guitarrista. É o sexto dos 11 irmãos, alguns deles artistas. Até os 10 anos, mora no bairro de Santa Tereza, na capital mineira. Depois, a família se muda para o Edifício Levy, no centro da cidade. A mudança é importante para a trajetória dele e do irmão Márcio, pois ali, em meio a outros jovens e ambiente boêmio, começam a desenvolver o interesse pela música. Lô aprende a tocar violão e, mais tarde, entusiasmado pelos Beatles, organiza com o irmão Yé (Marcos), Beto Guedes e Márcio Aquino o conjunto The Beavers, que faz relativo sucesso em Belo Horizonte tocando músicas do conjunto inglês.

Nessa época faz amizade com Milton Nascimento, jovem cantor recém-chegado de Três Pontas, pequena cidade do sul de Minas Gerais, e com ele inicia uma produtiva parceria. É quando a residência dos Borges se torna núcleo de reunião de jovens músicos locais, dando origem ao movimento mineiro conhecido como Clube da Esquina. Influenciado pelos Beatles, rock, bossa nova, Jovem Guarda e pela nascente MPB, Lô começa a compor aos 16 anos. Milton Nascimento o convence a mostrar suas criações e grava três delas no disco Milton, de 1970: Para Lennon e McCartney (com Márcio Borges e Fernando Brant), Clube da Esquina (com Milton Nascimento e Márcio Borges) e Alunar (com Márcio Borges).

Apesar da resistência dos pais, em 1971, a convite de Milton Nascimento, Lô muda-se com Beto Guedes para o Rio de Janeiro e começa a gravar Clube da Esquina, um LP duplo assinado por ambos. Depois disso, viaja pelo Brasil e alterna participação em gravações e lançamentos de discos com vivência em comunidades hippies. Pela gravadora EMI-Odeon, grava seu primeiro LP, Lô Borges (mais conhecido como "disco do tênis", em referência à foto da capa), em 1972. Participa da gravação de Clube da Esquina 2, em 1978, e produzo segundo disco, A Via Láctea, em 1979. Em 1980, integra o projeto familiar Os Borges, em que reúne os pais e todos os irmãos. Um ano depois lança Nuvem Cigana, seguido de Sonho Real, 1984, e Solo, ao vivo, em 1987.

Após nova ausência, retorna às gravações em 1996, com Meu Filme, e mantém ritmo produtivo na década seguinte. Realiza diversas excursões no país e no exterior e grava os discos Feira Moderna (2001), Um Dia e Meio (2003), BHanda (2006), Intimidade (2008) e Harmonia (2009). E inicia parceria com músicos da nova geração como Samuel Rosa, da banda mineira Skank (Dois Rios, 2003, e A Última Guerra, 2004)  e Arnaldo Antunes (Um Dia e Meio).



Comentário Crítico
A trajetória artística de Lô Borges se confunde com o movimento musical mineiro conhecido como Clube da Esquina, que por sua vez é tributário da evolução da carreira de Milton Nascimento. Portanto, eles não podem ser dissociados, sobretudo na fase entre o fim dos anos 1960 e início da década de 1970. Embora muito jovem, como a maioria dos músicos participantes, Lô Borges é um dos protagonistas do movimento e colabora de modo destacado no estabelecimento de seus caminhos e alternativas. Além de composições, ele contribui como instrumentista, tocando guitarra, violão e piano na gravação dos discos de Milton Nascimento.

As influências musicais e culturais presentes no Clube da Esquina e na carreira do compositor são bem variadas. De algum modo, elas revelam a dinâmica dos movimentos culturais da juventude, que procura, do ponto de vista musical, experiências diferentes. Em primeiro lugar, a presença do rock em suas variantes é muito evidente. Desde a influência dos vocais e guitarras dos Beatles, referência no início de carreira, passando pelas formas do rock mais experimental e progressivo, no uso permanente de guitarras distorcidas e riffs, por exemplo. E também suas composições apresentam forte conteúdo relacionado a novidades e sofisticações da bossa nova e MPB em expansão no período.

A partir dos anos 1970 aparece o nítido interesse pelo jazz em suas formulações mais puras e nos diálogos com o rock. Por fim, as tradições musicais regionais mineiras se apresentam na obra do Clube da Esquina e, consequentemente, de Lô Borges. Algumas dessas características podem ser identificadas nas primeiras composições gravadas por Milton Nascimento, no LP Milton, de 1970. Em Para Lennon e McCartney (Márcio Borges, Lô Borges e Fernando Brant), as referências vão além do título e são percebidas na força da dinâmica da canção, no uso das guitarras distorcidas, no baixo acentuado e no teclado. De outro lado, Clube da Esquina (Márcio Borges, Lô Borges e Milton Nascimento) vincula-se às mais profundas tradições cancionistas nacionais e apresenta extraordinária força melódica revelada na voz de Milton e no arranjo vocal, tornando-se uma das mais belas produções do período. Já Alunar (Márcio Borges e Lô Borges) é uma singela canção que arrisca algumas experimentações.

A maturidade de sua produção chega rapidamente com a gravação do LP duplo Clube da Esquina, em1972. Das 21 canções no disco, ele participa em oito, sendo que várias delas se tornam referência no LP e clássicos da música brasileira, tais como Tudo que Você Podia Ser (Márcio Borges e Lô Borges), O Trem Azul (Lô Borges e Ronaldo Bastos), Um Girassol da Cor de Seu Cabelo (Márcio Borges e Lô Borges), Paisagem na Janela (Lô Borges e Fernando Brant). As fusões que se revelam nesse conjunto criativo de algum modo podem ser também identificadas em Nuvem Cigana (Lô Borges e Ronaldo Bastos), com apelo regional; Trem de Doido (Márcio Borges e Lô Borges), fortemente marcado pelo rock; e nos experimentalismos instrumentais de Estrelas (Márcio Borges e Lô Borges) e Clube da Esquina 2 (Lô - Borges e Milton Nascimento).

No LP Lô Borges, de 1972, ele procura dar continuidade de maneira mais independente à carreira e à produção musical, até então muito vinculadas ao Clube da Esquina e a Milton Nascimento. São 15 composições, geralmente curtas e a maioria criada individualmente. Apenas seis delas são parcerias e a maior parte feita com o irmão Márcio. O rock logo na abertura aparentemente dá o tom geral, mas também é um disco em que as baladas e as referências ao cancioneiro popular e ao regionalismo mineiro estão presentes assim como um pano de fundo jazzístico. O tom melódico é melancólico e triste, acentuado pelas letras reflexivas.

O compositor retorna às gravações em 1978, com passagem residual no LP Clube da Esquina 2, de Milton Nascimento. Diferente do disco da primeira edição, ele participa sem muito destaque, apenas com duas canções: Ruas da Cidade (Márcio Borges e Lô Borges) e Pão e Água (Márcio Borges, Roger Mota e Lô Borges). Aliás, embora os mineiros do Clube da Esquina mantenham nessa fase grande presença nos LPs de Milton Nascimento, Lô não participa de Milagre dos Peixes (1973), Minas (1974) e Geraes (1976), revelando período de reclusão. Ele somente grava seu segundo disco solo, A Via Láctea, em 1979. A maioria das canções é composta com o irmão Márcio e procura preservar o plano dos diálogos e fusões de gêneros, mas sem a força criativa e a inovação anteriores.

Nos anos 1980, Lô mantém fase produtiva e criativa com a gravação de vários discos como Os Borges (1980), Nuvem Cigana (1982), Sonho Real (1984) e Solo (1987), consolidando-se no mercado fonográfico e como autor. Nessa década torna-se uma das referências para alguns dos diversos grupos pop que surgem. Nos anos 1990 vive novamente fase de afastamento, gravando apenas um disco, Meu Filme, em1996. Retorna no início do século XXI realizando diversos shows e gravando quatro discos.

Embora a riqueza da produção de Lô Borges seja desigual, o conjunto de sua obra, sobretudo na fase inicial, torna-se marco definitivo da música popular na segunda metade do século XX. Nessa trajetória, tem com Milton Nascimento, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Márcio Borges as parcerias mais constantes. Com Nando Reis e Samuel Rosa, compõe Dois Rios (2003), com Tom Zé, Açúcar Sugar (2003), com Arnaldo Antunes, Por que Não? (2003). Suas composições são gravadas por vários intérpretes como Um Girassol da Cor do Seu Cabelo (1972), por Ira, Skank e Tita Lima; O Trem Azul (1972), por Elis Regina e Tom Jobim; Paisagem da Janela (1972), por Elba Ramalho; Para Lennon e McCartney (1970), por Zimbo Trio e Simone. Esse grupo revela a importância de suas obras na moderna música popular brasileira.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Paulinho Pedra Azul

Paulinho Pedra Azul (nome artístico de Paulo Hugo Morais Sobrinho; Pedra Azul, 3 de agosto de 1954 é um cantor, poeta, artista plástico e compositor brasileiro.
Nasceu na cidade de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Além de músico, também é autor de 200 telas a óleo e acrílico e de 15 livros.

Sua carreira artística teve início por volta dos 13 anos de idade, inicialmente com as artes plásticas. Enveredando pela música participou de um conjunto chamado “The Giants”, em que trabalhou com Rogério Braga, Mauro Mendes, Marivaldo Chaves, Salvador, Edmar Moreira e André, interpretando canções dos Beatles, The Fevers, Os Incríveis, Erasmo e Roberto Carlos, dentre outros.

A partir do final dos anos 1960 participou de festivais regionais de música e de poesia, tendo realizado inúmeros shows em cidades do interior de Minas Gerais. Nos anos 70, mudou-se para São Paulo onde morou por dez anos, período no qual trabalhou com o cantor, humorista e ator Saulo Laranjeira, também oriundo de Pedra Azul. Retornou depois para Minas, se fixando em Belo Horizonte onde até hoje reside.

Durante o tempo em que viveu em São Paulo gravou seus três primeiros discos. O LP de estreia fez grande sucesso com a canção que lhe dá o título: "Jardim da Fantasia", popularmente conhecida como "Bem-te-vi".

Com um estilo que varia do romântico à MPB, fortemente influenciada pelo Clube da Esquina, e com algumas composições de chorinhos, Paulinho Pedra Azul tem 21 discos gravados, a maioria deles independentes, tendo vendido cerca de 500 mil exemplares de toda a sua obra. É também autor de 200 telas a óleo e acrílico e de 15 livros, dentre eles “Delírio Habanero - Pequeno Diário em Cuba”, escrito durante visita à ilha de Fidel Castro.

Apesar de não ser um constante frequentador da mídia de massa, Paulinho Pedra Azul consegue ser conhecido por um segmento específico que envolve principalmente universitários. Pesquisa feita pela AMAR (Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes), o destacou como o segundo cantor mais conhecido de Minas Gerais, perdendo apenas para Milton Nascimento.

A sua canção mais conhecida é "Jardim da Fantasia", que, segundo o próprio Paulinho, à apelidada de Bem-te-vi. A música teria sido feita para uma noiva falecida do compositor, mas ele nega isto.

Marcio Borges

Márcio Hilton Fragoso Borges nasceu em Belo Horizonte (MG), no dia 31 de janeiro de 1946.
Seu pai, Salomão Magalhães Borges, é jornalista autodidata, e sua mãe, Maria Fragoso Borges, professora primária.
Nasceu em uma família bastante musical – seu pai tocava um pouco de violão e sua mãe cantava em corais e tocava piano.
Segundo filho de uma turma de 11 – muitos deles também envolvidos com a música -, considera a grande influência de sua vida seu irmão mais velho, Marilton Borges.
A infância em Santa Tereza foi marcada por problemas de saúde.
Nessa época, iniciou-se na literatura e começou a escrever, o que mais tarde culminaria em sua carreira de letrista.
Na adolescência, mudou-se para o Edifício Levy, no Centro de Belo Horizonte, e então conheceu os vizinhos Wagner Tiso e Milton Nascimento, que se tornou seu grande amigo e parceiro musical.
Márcio é autor da letra de “Clube da Esquina”, sua primeira parceria com o irmão Lô.
Posteriormente, essa canção daria nome aos dois discos e ao movimento Clube da Esquina, de cujo núcleo formador Márcio é um dos pilares e principais letristas.
Em 1996, escreveu o livro “Os Sonhos Não Envelhecem – Histórias do Clube da Esquina”.
Atualmente reside na cidade de Belo Horizonte e dedica-se à direção do Museu Clube da Esquina, do qual é idealizador.

Tavito

Tavito, nome artístico de Luís Otávio de Melo Carvalho (Belo Horizonte, 26 de janeiro de 1948) é um músico e compositor brasileiro. Algumas canções compostas por Tavito tornaram-se grandes sucessos, como "Rua Ramalhete" (com Ney Azambuja) e "Casa no Campo" (com Zé Rodrix).
Tavito ganhou seu primeiro violão aos 13 anos. Autodidata, começou a participar de serenatas e festas. Foi companheiro de geração de Milton Nascimento e de outros músicos mineiros, tais como Toninho Horta, Tavinho Moura e Nelson Angelo. Em 1965 conheceu Vinícius de Morais, que apreciou o estilo de Tavito e o convidou a participar de suas apresentações na capital mineira. Mais tarde, participou do conjunto Som Imaginário e no final da década de 1970 seguiu carreira solo. Produziu discos de alguns artistas (Marcos Valle, Renato Teixeira, Selma Reis e Sá & Guarabyra).
Ficou sem realizar espetáculos entre 1992 e 2004, época em que se dedicou às composições, aos arranjos e à publicidade.
 Atualmente, Tavito está na ativa nas duas áreas. Seu mais recente trabalho é o CD 'Mineiro', em que mostra sua verve eclética e multifacetada, com parceiros novos e também com os consagrados.
Discografia
Som Imaginário
Som Imaginário - 1970 EMI LP, CD
Solo
Tavito - 1980 - CBS LP, CD
Tavito 2 - 1982 - CBS LP
Número 3 - 1983 - CBS LP
Simpatia/Água e luz - 1984 - CBS (Compacto simples)
Tudo - 2009 - Tratore CD E LP PROMOCIONAL
Mineiro - 2014 - CD

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O Terço

O Terço foi um grupo musical brasileiro formado no Rio de Janeiro em 1968 por Jorge Amiden (baixo), Sérgio Hinds (guitarra) e Vinícius Cantuária (bateria).

Segundo Sérgio Hinds, a palavra terço foi escolhida como nome da banda porque é uma medida fracionária que corresponde a três ou a "terça parte de alguma coisa", como num rosário. O Terço caiu como uma luva devido a primeira formação da banda, que era a de trio (guitarra, baixo, bateria). Inicialmente, o nome escolhido tinha sido "Santíssima Trindade", mas para evitar atritos com a Igreja Católica, foi adotado "O Terço".

Nos primeiros trabalhos misturando rock tradicional com música clássica e psicodelismo, além de vocais bem elaborados, o grupo colecionou vitórias em festivais de músicas: 1º lugar no "Festival de Juiz de Fora" com "Velhas Histórias", de Renato Corrêa e Guarabyra e 3º de 4º lugares em duas edições do "Festival Internacional da Canção" (FIC), respectivamente com "Tributo ao Sorriso" e "O Visitante".

Depois do primeiro disco, se tornou um quarteto, incorporando Cesar de Mercês como baixista. Pouco tempo depois Amiden deixa o grupo, que volta a se tornar um trio. Mas a fase de maior repercussão foi aquela em que estiveram na banda Luiz Moreno (bateria), Sérgio Magrão (baixo) e Flávio Venturini (teclados e viola), estes dois últimos futuros criadores do grupo mineiro 14 Bis, de grande repercussão nos anos 80.

Além dos componentes efetivos da banda, participaram dos seus trabalhos, como músicos ou como compositores, diversos artistas que futuramente se tornariam famosos: Sá & Guarabyra, Márcio Borges e Murilo Antunes (mais conhecidos como parceiros de Milton Nascimento e de toda a turma do Clube da Esquina em diversas composições).

Apesar de ter sido desativado após 1978, o grupo se reuniu periodicamente, com formações diversas, para a gravação de novos trabalhos. De um modo geral sua obra fez e faz mais sucesso no exterior do que no próprio Brasil.

Som Imaginário

Um grupo mineiro, que fazia rock progressivo e acompanhava Milton Nascimento. Esse seria um resumo bem rápido e incompleto do Som Imaginário, banda que durou apenas três discos de altíssima qualidade e que deixou uma imensa marca na música brasileira. Apesar da pouca produção e tempo de vida, o Som Imaginário é um desses clássicos que poucos se lembram, mas muitos adoram.
A história da banda começou ainda na década de 60, no Rio de Janeiro, quando Wagner Tiso e Milton Nascimento integravam o grupo W Boys, já que quase todos os integrantes tinham a letra "W", no nome. Por causa disso, o então baixista Milton Nascimento virou Wilton Nascimento. Na luta da noite carioca, fizeram amizade com o baterista Robertinho Silva e o baixista Luiz Alves. Os três músicos resolveram que seriam banda de apoio de Milton, que já começava a carreira de cantor.

Em seguida, dois outros músicos foram incorporados, o guitarrista Frederyko e o percussionista Laudir de Oliveira, que pouco tempo ficou. Além dos dois, entraram também o organista Zé Rodrix e o guitarrista Tavito.

Juntos, estrearam o show "Milton Nascimento, ah, e o Som Imaginário", primeiro no Teatro Opinião e depois, no Teatro da Praia, ambos no Rio de Janeiro. Eles também tinham, ainda, as presenças de Nivaldo Ornelas, no sax e Toninho Horta, na guitarra. Foi mais ou menos essa época, que Laudir saiu, entrando em seu lugar - ainda que não de maneira fixa - um percussionista que ganharia fama mundial: Naná Vasconcelos. Quando o espetáculo foi para São Paulo (Teatro Gazeta), Naná não estava mais presente.
O grupo logo chama a atenção da gravadora Odeon, que assina com o grupo. Músicos inteligentes, talentosos e antenados, o Som Imaginário exige liberdade de criação dentro do estúdio, o que é aceito pela gravadora. Em 1970 lançam o primeiro LP, Som Imaginário.

O primeiro disco mostra um som pouco ouvido pelo Brasil. Com temas bem trabalhados, faixas maravilhosamente tocadas e um tema de Milton Nascimento - que ainda cantou, mesmo sem ser creditado, o primeiro LP mostrava uma banda com ouvidos atentos ao que vinha do exterior. A banda trazia alguns convidados, como o guitarrista mineiro Marco Antônio Araújo, na faixa "Nepal". Marco, inclusive, dividia um apartamento com Tavito e Zé Rodrix, chamado de "Família Matadouro", já que o local vivia lotado de garotas.
No ano seguinte, lançam o segundo LP, igualmente batizado Som Imaginário, e acompanham Gal Costa, em show do Teatro Opinião, com Naná, novamente, na percussão.

O segundo disco era igualmente brilhante, com Frederyko assumindo a liderança do grupo, que já não contava com Zé Rodrix, que saíra para formar o trio Sá, Rodrix e Guarabyra.
Participam do filme Nova estrela, em 1971, e também de um programa da TV Globo, Som Livre Exportação, além de vários shows alternativos pelo Brasil afora, sendo o mais famoso o Festival de Guarapari, que entraria para a história como o "Woodstock brasileiro".
Em 1973, lançam o último LP, o histórico Matança do Porco, instrumental, com quase todos os temas assinados por Wagner Tiso, além de participação de Milton.
Matança do Porco é considerado o disco mais progressivo da curta carreira da banda e o mais belo. A faixa-título havia sido escrita para o filme Os deuses e os mortos, de Ruy Guerra.
O grupo ainda participou do espetáculo "Milagre dos peixes", que resultaria em um álbum e pode ser considerado o último disco do Som.